Com cabelos branquinhos e passos curtos e lentos, recém saídas de um consultório médico, três senhorinhas andam pelas calçadas da cidade. Na tarde ensolarada, porém gelada, discutem sobre os remédios receitados pelo médico. Uma palavra por passada. Tomam todo o passeio, lado a lado, atrapalhando os bem mais apressados.
- Acho melhor anotar o nome do remédio para não esquecer - sugere uma delas.
- É mesmo. Alguma de vocês tem uma... Como é mesmo? Aquele objeto para escrever. Tava na ponta da língua - diz outra.
- Uma pena! - arrisca a mais saudosa.
- Não. Uma que inventaram depois. Qual era o nome? - responde a esquecida.
- Acho que a senhora se refere à caneta - comenta a terceira.
- Isso mesmo, como poderia ter esquecido. Caneta. Alguém tem uma na bolsa?
Uma delas para e abre a bolsa. Bota os óculos e passa a vasculhar o interior. Enquanto isso, um ciclista desvia com tudo para a estrada e é saudado por buzinadas do motorista que quase o atropelara.
- Como esse pessoal anda mal educado, vou te contar - resmunga uma avozinha, olhando ao redor.
A grisalhinha toma a caneta e um papel - pronta para escrever o nome do medicamento.
- Qual era o nome do remédio, mesmo? O médico disse que era muito bom para a memória - tenta lembrar.
- Pois agora - fala outra com semblante de leve desespero.
- Memoriol? – esforça-se a outra.
- Acho que é esse.
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
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