De tantos peixes no mar, sem motivos resolveram chamá-lo de Robalo. Era este o apelido e Adevair. Cordial, brincalhão e às vezes até com ar de um legítimo picareta, Robalo tinha em sua lista muito mais amigos que rivais. Andava na rua acenando para os conhecidos. Dizem que no último verão chegou a bronzear as axilas, tamanha quantidade de cumprimentos pela orla marítima e vias urbanas.
Representante comercial de uma famosa marca de chuveiros, Robalo geralmente tinha dificuldades na hora de conseguir clientes. O vulgo não passava uma boa impressão. O nome próprio também não era dos melhores. Colegas próximos dizem que chegou a tentar a troca judicialmente. Sem muito êxito, buscou na terapia desfazer o trauma desde os tempos de menino. Durante o período mais difícil, refugiava-se na bebida e psicotrópicos.
Acabou debandando para estes lados, sempre após o expediente. Claro. Outros coleguinhas afirmam que Adevair assemelha-se ao índio Paulinho Paiakan dopado em dias em que as “festinhas” iam até altas horas. Apesar de casado e dos dois filhos adolescentes, há os que pensam que joga n’outro time. Tudo por conta das piadinhas e poses de conotação sexual que incorpora de vez em sempre, para descontrair. Pura maledicência.
Pois que, um dia, a esposa e os guris viajaram. Uma tia distante adoecera. A mulher e os pimpolhos rumaram para o interior paranaense e ficariam uns dias fora, deixando o caminho livre para Robalo aprontar das suas. Talvez com intuito de recuperar um pouco da juventude, abreviada pelo trabalho pesado na loja de cadeados do pai. Bateu o ponto na firma, passou em casa, banhou-se, perfumou-se e foi para o barzinho atrás de “birinaites” e alucinógenos.
Jogou snooker, fumou não apenas o derby azul e otras cositas más e vagou pelas ruas da cidade em que mora. Uma dessas de Santa Catarina que é cortada pelo rio. Dirigindo a pampa parcialmente tunada, buscava um rabo de saia para arrefecer as saudades da esposa querida. Lá pelas tantas, viu um corpinho com um braço estendido à beira da via. “Não vai dar outra”, pensou. No papinho mais ou menos, percebeu que a garota estava longe de ser beatificada pelo papa.
Em meio aquele “opa, tudo bem”, “pois é...”, enquanto rodava pela cidade com o possante, viu que o fogo só seria apagado mediante pagamento. E antecipado. Sim, a moçinha que embarcara ganhava a vida com o corpinho. Fizera as contas e lembrara que havia gasto considerável parte do suado dinheirinho no bar. Com aditivos e fichas de bilhar. Arriscou: “Quanto?”. “Por menos de cinqüenta não dá”, respondeu a profissional. “Só tenho sete pila”, retrucou. “Com isso dá só um peitinho. E o esquerdo”, calculou ela. Pagou.
quinta-feira, 12 de março de 2009
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2 comentários:
Hehhehehe, ishtopô. Não é que este cação desgraçado rendeu algo produtivo? Só de invejinha vou blogar a história de um tal mexicano que barbarizou na cidade de Sapucaia do Sul, com direito a fralda suja na parede e tudo. Beijo!
Se eu não conhecesse a figura, eu não iria acreditar que a história poderia ser verdadeira. Puta que pariu!
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