Futebol, mulatas, samba ou um fio desencapado. O jeitinho brasuca de ser domina o globo. Não só por conta dos craques e pernas de pau que deixam a pátria amada em troca de doletas ou euros igualmente amados. O tal jeitinho não só faz com que os gringos encham nossos bonés e sacolinhas, como rendem histórias hilárias. Principalmente, os conterrâneos que partem em busca de novos horizontes em terra longínquas. Estes colecionam episódios divertidos. Fruto do achar que basta um toque verde e uma pitada de amarelo para que tudo dê certo.
A prima Carolina fora para Chicago ganhar uns trocados. Ela e o marido. Para cuidar do pequenino Pedro, na metade do dia ela zelava pelo filhote. A outra metade era papai o encarregado. Para economizar, compraram apenas um automóvel. Um buscava o outro no trabalho. O marido trabalhava em um restaurante e ela mal sabia o idioma local. Preocupada com a demora do amado, arrisca as primeiras palavras com uma funcionária em frente ao estabelecimento: “Plis, mai rãsban is rear? Re uorque in tchiquen”, disse Carol. A moça gargalhava, achando que a patroa achava o querido um frangalhão.
Pedrão crescera e fora para Londres. O contato familiar constante não permitiu a fluência no idioma do Tio Sam. Trabalhava, mantendo a escrita familiar, em um restaurante. Ao interpelar um cliente, deu boa noite e se pôs à disposição. “Where is the loo?”, perguntava o senhor. “A Lu não trabalha mais aqui, não. Arrumou um emprego que paga 5,90 libras na semana passada”, replicou. O consumidor queria apenas saber onde ficavam as instalações sanitárias da casa.
Cansada da capital inglesa, a tal Lu resolveu mudar de ares. Foi para Sydney, Austrália. Por lá os “amigos” de Osama também dominam o transporte em veículos de tons amarelados. Ao embarcar em um destes automóveis, a Luciana, provável nome da mocinha, não se surpreendeu com o cara de turbante atrás do volante, no seu segundo dia na nova cidade. Tentou puxar papo com o Saddam, também provável nomenclatura. O barbudo não entendia patavinas do idioma anglo-saxão. Apenas tomou conhecimento da descendência da freguesa. “Belé, belé, belé...”, esforçava-se Jarrah. Lu não entendeu que o cara falava sobre futebol, produto de exportação da terrinha dela.
A amiga da Lu, Ana, foi visitá-la no país além mar. Porém pouco sabia o idioma, também. Daquelas que fala o inglês de boteco, “book is on the table”. Não mais que isso. Mas estava disposta a aprender algo, arriscar pequenas conversações. Em um bar, sedenta, achou que seria simples pedir uma coca-cola para aplacar o calor. Chutou: “Tem coke?”. A atendente voltou com 10 latinhas e perguntou se era para viagem.
Pior foi o amigo da Ana, o Marcos. Riquinho, esperneou e o papai deu uma viagem a Disney em comemoração aos seus primeiros 15 anos de existência. Na excursão, fizera amizade com outros endinheirados meninos e meninas. Com o André, passeava por “gardens” e “centers” do mundo mágico criado pelo falecido Walt. Pelas tantas, lembrou-se dos familiares e adentrou na primeira loja de regalos que avistou. O atendente foi ao encontro do Marcos na tentativa de comercializar as bugigangas. “Gud praice. Dis is a ófer. Didi iu luque dis uon?”, interpelava. Marcos cochichou para o amiguinho: “Esse cara é um palhaço. Não percebe que não estou entendendo nada?”. O atendente notou e retrucou. “Palhaços todos os brasileiros são”, em bom português.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
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