terça-feira, 27 de outubro de 2009

Em 30 minutos, talvez 40

Iniciar, Programas, Microsoft Office, Word. Fica a pergunta: por que “palavra” se todos usam para escrever mais de uma? Vai saber. A tela predominante branca, representando uma folha, é um convite ou um desafio? Mais uma pergunta que fica sem resposta. Pelo menos a primeira palavra está definida. Coloco o nome da cidade, espaço, um traçinho e outro espaço. Uma das obrigações do texto do diário em que a história deverá ser publicada.

Feito isso em um segundo, quem sabe um pouco mais, a barrinha vertical cisma em ficar piscando. Clamando por mais palavras, por mais trabalho. Com a mão direita espalmada, coço o queixo, às vezes habitado pela barba rala meio alourada. As costas pressionam o encosto e cadeira vai para trás. As rodinhas me afastam das letrinhas estampadas do teclado. Olho para o teto. Continua da mesma cor da semana passada. Coloco algumas palavras. Não me agrada. Apago selecionando tudo e pressiono o delete. Fica só o nome da cidade na frente mesmo. Displicente, digito despretensiosamente “siodjsaidjiasdja”. Repito a operação anterior.

Uma nova idéia, novas palavras começam a formar o que horas depois será lido por uma grande porção de pessoas ou meia dúzia. Sai a primeira fase, começa a segunda. Jogo tudo isso numa outra linha e começo novamente. Agora vai. Foi. O que sobrou foi apagado. Um parágrafo, com umas cinco ou seis linhas. Algumas vezes tem sete ou até oito. Penso que as seguintes deverão ter o mesmo tamanho. Sempre me lembro de um livro do jornalista Ricardo Noblat quando escrevo o primeiro parágrafo. O cara tem mania de escrever todos os parágrafos do mesmo tamanho.

Tento, mas sempre há os que ficam maiores, outros menores. Não dou bola. Coloco mais algumas palavras e recorro às anotações. “Cadê aquele parte em que o cara falava sobre a estimativa para o próximo mês?”, converso mentalmente. Achei. De primeira não entendo aqueles rabiscos e garranchos. Observo novamente, abro aspas e toco o que o cara falou. Fecho e coloco o nome do carinha e sua profissão depois da vírgula.

Procuro na internet algo relacionado. Às vezes serve. Opa, já estou pra começar o quarto parágrafo. Olhos os três anteriores e me dou conta que não estão do mesmo tamanho. Deixo a mesa para saber qual o espaço, em que página será acomodado aquilo tudo. Aproveito e deixo a sala. Tomo um copo d’água, pego um cafezinho. Comento algo com alguém e volto a me sentar. Reviso o que foi escrito até ali. Conferir se não passou uma bobagem e para poder retomar o assunto.

Escrevo mais um ou dois parágrafos. Será que está pronto? No texto sobram afirmações, nos meus pensamentos as interrogações. Para tentar me convencer, nova revisão. Desta vez mais criteriosa, de olho em possíveis erros – digitação, palavras repetidas e até o estilo. Recordo de uma informação bacana que cairia bem depois da primeira fase do parágrafo três. Escrevo e gosto. Fica ali. Volto umas três sentenças antes para continuar a correção. Acredito que está bom. Não! “Ufa”, suspiro. Ponto final.

Um comentário:

LG disse...

Microsoft Wordgi = Microsoft Palavra... hehehe. Nunca tinha parado pra pensar.