terça-feira, 5 de janeiro de 2010

O morcegão do rancho

Ar puro, verde ao redor e o cacarejar do galo aos primeiros raios do dia. Era tudo que Antônio desejara. Após anos e anos de trabalho em uma autarquia do Estado em que nasceu e outros empreendimentos que não deram tão certo, porém não causaram prejuízos ou traumas, o Tunico enfim conseguira a desejada casinha no campo.

Acordava cedo, com os galos a cantar e se embrenhava nas matas. Cuidava de sua propriedade, sempre a pensar em criar bichos e grãos. Entretanto, antes de buscar meios de fazer com que a propriedade fosse próspera, era preciso implementar melhorias na estrutura física do sitio que já possuía porteira e ainda clamava por nome e placa.

Arduamente, construiu um ranchinho para guardar os apetrechos que tinha e adquiria para manusear os artefatos da lavoura. Dia desses, deparou-se com hóspedes inesperados. A cabana passara a servir de morada de tenebrosos morcegos, que preferiram a construção bem cuidada à mata. Nascia um problema para aquelas bandas em que os problemas deveriam ser deixados de lado.

Tentou espantá-los a golpes de vassoura. Quase foi açoitado pelos voadores mamíferos e ainda quebrou o artigo utilizado na limpeza do chão de residências. Com o conhecimento acumulado ao longo dos anos, pensou em soluções em que a razão dava lugar a força física. Ao assistir um filme de terror durante uma noite tivera a idéia: colocaria dentes de alho próximo ao local para afugentar os malígnos.

Dito e feito. Deu três dias para que os asquerosos bichinhos deixassem o local batendo as asas. Terminado o prazo, foi ao rancho assim que acordou para regozijar-se com o feito. Ao adentrar ao rancho percebeu que os animais continuavam a freqüentar o local. Pior. Andavam famintos e comeram os alhos. Deu um tapa na testa e franziu as feições. “Esqueci de colocar a água benta”.

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