sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Contos carnavalescos

O Carnaval bateu a porta. Foi recebido com uma lata de cerveja gelada e uma máscara de Batman. Enfim chegou a data mais esperadas do ano para muitos. Uns caem na farra, e às vezes no chão, outros caem na cama, querendo sossego. Independente do rumo, os dias de folia reservam episódios pitorescos, daqueles que voltam às conversas sempre que uma ou duas testemunhas se encontram lá pelos dias de fevereiro. Vejamos algumas.

Velha molhadinha
O sol dera o ar de sua graça a poucos minutos. Eles ainda estavam lá. Juquinha e Paulinho empunhavam a sabe lá qual número da lata do suco de cevada. Era um Carnaval animado. Tanto quanto aos nossos foliões. A padaria já abrira suas portas e recebia uma considerável clientela. Bem heterogênea. Velhinhos com pães frescos e jornal do dia. Festeiros para fazer uma boquinha antes do irem para UTI. E uma parcela mínima atrás de mais combustível da alegria. Neste último perfil estavam nossos caricatos heróis. Resolveram inovar. Com os poucos trocados, adquiram uma garrafa do melhor e mais barato champagne. Saíram pelas ruas a bebericar a Sidra Cereser, sabor maçã. Num pique distinto da maioria, indignavam-se com a terceira idade a desfilar sem fantasias, bumbum de fora ou carro alegórico. Uma velha revolta, recriminou com olhos fulminantes a atitude dos dois. Foi “premiada” com um banho do comemorativo líquido, bem como a cadelinha que levara para passear. Chamada Fifi, a cadela da tia idosa.

Churrasqueira pública
Em época nem tão longínqua, a avenida era liberada para carros nem tão alegóricos assim. A turma passava o boné e um era encarregado de ir até o ferro-velho adquirir o melhor modelo que a verba permitisse. A alegoria propiciava as mais diversas performances e era instrumento para a liberação da criatividade. Uns bem-humorados, outros com enfeites caprichados e, ainda, alguns não tão bem aproveitados. Tudo corria ao redor daqueles ex-possantes. Porém todos acabam da mesma maneira. Eram queimados em praça pública. Obrigando os Bombeiros colocarem seus blocos para desfilar. Num deles, já em chamas, uma patotinha. Toninho e Juquinha se esbaldavam. Pulavam em cima da máquina e contemplavam o fogo. Faminto, Manoelzinho, amiguinho da dupla, preferia ficar de fora, porém próximo. Aproveitava a brasa para manter seu crepe aquecido, entre mordidas e longos goles de cerveja.

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