Alto, magro, gordo ou baixinho. Óculos de grau ou escuros. Careca ou com rabo de cavalo. Com joanete ou pé chato. O imaginário coletivo tenta perfilar Paulo Pitiça. Aquele da cagada. “Bota cagada nisso”. Porém, mais do que saber como é a personagem, os debates se acaloram quando o tema é o que teria feito o tal Pitiça às vésperas do Carnaval de 2008. Como as teorias conspiratórias, de que o verdadeiro beatle Paul McCartney morreu em 77, de que a guerra contra o Saddam foi encenada no deserto do Saara (e com ajuda de computação gráfica) e de que os anões de jardim um dia quebrarão o gesso e terão vida própria, Paulo P., de Pitiça, adentrou ao rol conspiratório. Vejamos algumas teses.
Peruca de touro 1
Paulo, como era chamado pelos colegas do departamento de Vigilância Sanitária da cidade, sempre manteve uma postura correta, de acordo com as exigências de chefia lhe requeriam. Sempre na linha. Cabelos pentados, colarinho engomado e gravatas burocraticamente sóbrias. Não era muito de sorrisos, mas não chegava a ser considerado mal-humorado. Depois de 30 anos daquela vidinha casa-trabalho-casa-futebol com os amigos na quarta-feira ou sair para almoçar fora todos os domingos, passou a detestar tudo que construíra ao longo das mais de três décadas com a esposa. Fugiu com a secretária, Ritinha (Furacão, para a turma da repartição) e deixou a esposa, o apartamento e dois filhos já crescidos.
Virou bicha
Quando chegou aos 50 sabia que não poderia mais protelar. Precisava fazer o exame de toque na próstata. Foi ao doutor, escolhido a dedo, pelo critério o menor. Na salinha, arreganhou-se e gostou. Dali pelos dias a seguir, praticava seus atos furtivamente, cada vez mais freqüentes. Prestes virar tema de comentários maldosos pela cidadezinha, a mulher um dia chegou em casa e encontrou-o “engatado” no vizinho do apê de cima. Saiu do armário, maquiado e aliviado.
Peruca de touro 2
A vida parecia que não lhe reservaria grandes emoções por diante. Casado há anos, com os filhos crescidos e contando os meses para vestir o uniforme do time dos aposentados, o pijamão, Pitiça seguia sua sina. Não se sentia entediado. Era feliz àquela maneira. Em sua cabeça repousava a certeza de que fizera tudo ao seu alcance. Dançou, beijou, deixou herdeiros, nadou no mar, comprou uma casa na cidade e outra na praia quando queria ou podia. Às vésperas do Carnaval, em que iria encarar os dois grossos volumes de Os Irmãos Karamazov, de Fiodor Dostoievski (o Dosta, segundo Mário Prata), descobriu que o mar de rosas que imaginara era revolto. “Desculpa, fui embora com o carinha que limpa a piscina. Volto em duas semanas para pegar minhas coisas”, dizia o bilhete da esposa.
“Dormi na praça”
Adorador dos festejos carnavalescos, Pitiça estava ansioso pela chegada dos dias de muita folia e cerveja gelada. Sabia que o Carnaval estava perto. Pois, mesmo assim, não se conteve e saiu em plena quarta-feira, véspera das festas, e enxugou todas. De um bar para o outro, trôpego, caiu na calçada e por ali dormiu. Voltou ao lar noutro dia, lá pelas 10, com cheiro forte no corpo, cara de quem dormiu de calça jeans e o cabelo alourado, fruto da brincadeira de crianças que jogaram água oxigenada em seu cocuruto enquanto estava desacordado. A mulher o mandou embora e foi aplaudida pela vizinhança.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
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5 comentários:
Eu ainda acho que o Pitiça deu um calote em alguem na cidade... porém nao descarto nenhuma das outras Pitiçadas...
eheehehe
Hahahahahahahahahahhaha!!!!!!
Hahahahahhahahahahahahah!!
Mais nada a declarar!
Foi eu, Fernanda ali encima :P
Acho q o pitiça cometeu suicidio depois da cagada , encostou em varias pessoas, trazendo uma maré de azar estilo tsunami....chama a universal p tirar esse encosto hauahauh
Eu aposto na tese "Dormi na praça", the funniest case. E adorei o "nadou no mar". Nem sei porque, mas adorei. Bom Carnaval, gurizinho, volte inteiro e ainda mais inspirado!
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