quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Ueca, 3 litros

Durante o verão, com ênfase no Carnaval, o assunto vem à tona. É discutido amplamente, porém sua origem é quase um tabu, mantido em sigilo absoluto. Do conhecimento de dois ou três. Prestes a virar uma lenda urbana. É notório que Raquel Rabelo tem uma capacidade de ingestão de líquidos superior à maioria. Menina acima da média, exclamam alguns. Quem conhece sabe da fama da moça: perna oca. Também citada como “perna ueca”, após a passagem de desbravadores espanhóis, em missão de paz, pelo litoral do sul do mundo. Basta uma mini-reunião etílica para que o vulgo seja entoado em sua homenagem.

Quem tem uma convivência mais aproximada com Raquel estima que a tal perna oca comporte em torno de três litros do drinque que vier: scotch, conhaque, capirinha, vodka, gin e cerveja. Principalmente cerveja. Sem dó, ela derruba copos e latas. Com a vantagem, enquanto uns caem por terra, Raquel sobra faceira. No máximo uma tonturinha.

O mito será revelado. Ainda pequenina, ali pelos seus seis ou sete anos, Raquelzinha foi vítima de um acidente doméstico que para alguns poderia ser considerado uma tragédia, irreversível. Fatalidade mesmo. Arteira, escalou uma grande estante em busca de uma garrafa com líquido com uma tonalidade jamais vista. Era um licor de amoras. Sentia-se atraída por aquele róseo e avermelhado. Um dia desvencilhou-se dos olhares atentos da mamãe e foi em busca do objeto de seus desejos. Faltando um palmo para botar os dedinhos na vidro, foi surpreendida quando o caminhão de gás sonorizava a 9ª Sinfonia de Beethoven. Assustada, perdeu o controle e foi ao chão, com o móvel caindo sobre sua perna direita.

Os meses seguintes foram de tristeza para a juvenil. No leito do hospital e em casa, pensava como driblaria seu destino com uma só uma perna. Tentou habituar-se com a prótese e teve êxito. Parecia ter nascido com ela, parecia que sempre esteve ali. Ao cruzar a puberdade e chegar à idade dos bailinhos e domingueiras, viu a oportunidade. Grande idéia. Foi ao marceneiro e pediu uma nova, já de acordo com seu tamanho, uma vez que crescera e chegara aos 2,07 metros de altura. Porém na engenharia do membro constava uma observação revolucionária, quase. A perna nova não poderia ser maciça ou preenchida.

Dali por diante se destacava entre as amigas e coleguinhas. Nem tanto pela sua habilidade de escolher companhias do sexo oposto. Mas pela capacidade absorção de líquidos. Nos primeiros dias de fevereiro os mais íntimos têm que demovê-la da idéia de procurar um cirurgião para amputar a perna esquerda por causa do Carnaval.

4 comentários:

Unknown disse...

Adorei!!!Só não consegui identificar com quem ela se parece!!hehehe...
Bjos...
Raffa

Anônimo disse...

Essa Raquelzinha dá um trabalho....
hahahahaha!
Ótima Chapolinha!!

Imediata disse...

Ai, Chapola, pelo amor de Deus, eu jurava que a personagem fosse verdadeira E conhecida. Pensei até na Telles. Só fui cair na real na parte do 2.07 de altura. Porque uma perneta de 2.07 seria a maior celebridade do Sul catarina.

João Lucas disse...

Cintia. A personagem é real. Acredite, conheço uma que enxuga mais que a nossa nordestina.